quinta-feira, 30 de abril de 2009

Verissimo vale a pena

Vale dar uma lida na coluna do Verissimo de hoje. Nada como ler um texto que diz o que queremos dizer. Gostei muito da referência às palavas compostas do idioma alemão que explicam tudo...


Ah é, é?
Luis Fernando Verissimo
Você eu não sei, mas quando há um bate-boca como aquele entre os ministros Mendes e Barbosa eu sempre lamento a falta de um texto melhor. Claro, no calor da briga ninguém pode escolher as palavras ou cuidar do valor literário dos seus insultos, mas é impossível deixar de imaginar o que um bom roteirista teria feito com a cena, escrevendo para os dois lados.
Certa vez criei um personagem para um antigo programa do Jô, na Globo. Era o cara que só pensava numa boa resposta quando não adiantava mais. Ele estava caminhando na rua, dentro de um ônibus ou numa reunião com amigos e de repente soltava uma frase, como “Só se a sua mãe for junto!” Depois explicava que dias antes alguém lhe dissera para ir tomar banho (no tempo em que mandar alguém se lavar era insulto pesado) e só agora lhe ocorria uma boa resposta. Na hora, ficara só dizendo “Ah é, é? Ah é, é?” enquanto pensava numa frase devastadora que nunca vinha.
Há profissionais da resposta pronta, repentistas que retrucam não só no ato como rimado. Mas a maioria só pensa no que poderia ter dito muito depois. Humoristas, e supostos humoristas, padecem mais do que os outros com a expectativa de que terão a boa resposta na ponta da língua. Como têm que zelar por uma reputação de tiradas espontâneas, são os que mais precisam pensar na frase, revisá-la e burilá-la para apresentá-la, de preferência uma ou duas semanas depois.
O sentimento de insuficiência na retaliação verbal é tão comum que deveria existir uma expressão, talvez uma daquelas intermináveis palavras compostas com que os alemães transmitem o máximo de sensações possíveis sem o uso de vírgula, hifen ou violino ao fundo, que a descrevesse. E a expressão existe. Mas não é alemã. Diderot, o mais enciclopédico dos enciclopedistas franceses, pois aparentemente dava palpite sobre tudo, chamava a frase que só vem depois de “esprit d’escalier”. Perfeito: o espírito que só nos socorre quando já estamos descendo a escada.
Nos bate-bocas brasileiros predomina o “sprit d´escalier”. O que vem na hora raramente passa do “Ah é, é? Ah é, é?” ou equivalente.
(Você eu não sei, mas eu torço pelo Barbosa.)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Menino novo, começando agora...

Segue abaixo a nota da presidência da Câmara sobre o mau uso do dinheiro público, que, surpreendentemente, deve ser utilizado em prol do interesse público.
Devemos ter paciência, embora alguém possa estar abusando, porque os políticos estão aí há pouco tempo, ainda não conhecem as regras, não tiveram acesso ao "livrinho". O presidente da casa, por exemplo, está apenas em seu sexto mandato como deputado...

20/4/2009
Nota à imprensa

Em razão da ampla utilização de passagens aéreas nos gabinetes parlamentares, o presidente da Câmara reconhece que deputados, inclusive ele próprio, destinaram parte dessa cota a familiares e terceiros não envolvidos diretamente com a atividade do Parlamento. Tudo porque o crédito era do parlamentar, inexistindo regras claras definindo os limites da sua utilização. Por outro lado, surgem às vezes equívocos na utilização da verba indenizatória, na de postagem, na de impressos e no auxílio-moradia.

Daí porque o presidente da Câmara dos Deputados determinou estudos para a readequação e reestruturação geral e definitiva de todos pagamentos feitos pela Casa. As diretrizes dessa readequação serão a transparência absoluta (já definida nas verbas indenizatórias), a redução dos gastos e a sua publicidade para que todos a elas tenham acesso. Marcos legais claros e definitivos serão colocados à disposição de parlamentares e de todos interessados ainda nos próximos dias.
Márcio de Freitas
Assessor de Imprensa da Presidência da Câmara

domingo, 12 de abril de 2009

Eterna reforma...

Em busca de argumentos para a minha tese, encontrei referências a um editorial de jornal sobre a urgência da reforma político-eleitoral:
"Não é possível adiar a reforma eleitoral (...) é uma exigência nacional, que há de ser atendida, custe o que custar. (...) A reforma eleitoral é um pregão patriótico e enérgico contra o nosso desmoralizado regime eleitoral."
Detalhe: o periódico é O Diário e o ano é 1872.
Estou me sentindo cada vez mais conservadora. Quero o respeito a um sistema eleitoral que está em reforma desde 1822 e que não conta com a simpatia de nenhuma parcela da opinião publicável. Haja argumentação...