quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A esquizofrenia do Tribunal Superior Eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu que os votos dados aos candidatos barrados pela inconstitucional Lei Complementar nº 135/2010 não devem ser computados para os partidos políticos, pois isso poderia estimular os partidos a colocar deputados "fichas-sujas" bem de voto na disputa para seu benefício no cômputo do quociente partidário. Ora, ora. Colocando-se de lado o argumento pedagógico moralista, o próprio TSE decidiu, inconstitucionalmente, na famigerada consulta 1398, que o eleitor vota em partido e que, portanto, o mandato é do partido e não do candidato. É a argumentação self-service, que em um momento segue um entendimento, ora outro, sem a menor consistência e coerência. O eleitor, pelo visto, vota em quem o TSE quiser.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Diário de viagem, última parte - as comidas

Então, voltei do México com ótimas lembranças. Dos museus, das cidades, das universidades, dos professores, dos alunos... Mas, confesso, as comidas foram um capítulo à parte. E eu, que só tinha titubeado em face da Buchada de Bode, pedi, como sempre, o prato que eu menos tinha idéia do que fosse. E, confesso, dois deles não passei da quarta tentativa...

Esse foi meu primeiro café da manhã na Cidade do México. Eu, alérgica a leite e que quase não encaro gordura, abandonei todos os escrúpulos para comer o que havia de mais diferente. Pois isso aí em cima parece ser bastante típico. E depois de uma longa viagem e com o fuso um tanto confuso, comi tudinho. Aquilo parecido com chuchu é nopal, que vem de uma planta parecida com cacto e é importante para os mexicanos, inclusive simbolicamente - a águia da bandeira leva um ramo de nopal. Não gostei muito, é um tanto azedo, mas não desisti dele.

Depois de andar um tanto pelo centro histórico e encontrar a maioria dos museus fechados - era segunda - parei em uma cafeteria em um terraço com vista para o Templo Mayor. Nada muito elaborado, mas tinha wi-fi e eu já estava agoniada para falar com meus dois amores. Foi um sanduichinho nada memorável, com um chá gelado interessante. Valeu pela vista e pela sobremesa:
Um "pastel" de nopal (olha ele aí) com uma cobertura de chocolate absurdamente boa. Valeu pela vista, pela conversa com o amor, pela música e pelo doce.

Morta de cansaço, voltei pro hotel lá pelas 18h e só consegui comer o que havia comprado em um Oxxo (como um Seven Eleven, quase uma loja de conveniência de posto de gasolina, mas que tem em todo lugar). As tostadas de maíz me acompanharam todos os dias e esse chá gelado com frutas vermelhas é muito melhor que os nossos por aqui.

Segundo dia, terça-feira. Comecei a caminhar pelo outro lado, mais longe do metrô, para ver o que rolava. Encontrei uma lanchonete e encarei meu segundo café da manhã:
Feijão, ovos, saladinha e um suco aguadinho de laranja, tudo muito gostoso. Não me acostumei com a idéia do feijão no café, mas o "doritos" me acompanhou em todos.

Daí fui conhecer a UNAM, gigantesca. Faculdade de Direito, Instituto de Investigações Jurídicas, biblioteca e, claro, me perdi no tempo. Quando me dei conta estava morta de fome e fui encarar a "cantina" em frente à biblioteca.
Glamour zero e um burrito absurdamente picante. Acho até que a moça fez de propósito. Comi um inteiro e só consegui dar duas mordidas no segundo. E haja líquido...

Fui embora da universidade, mas já bastante cansada. Durante toda a viagem os meus olhos lacrimejavam muito e eu fica facilmente cansada. Andava muito, mas ainda assim não me parecia que era pra tanto. Imagino que eram efeitos da poluição.

Conheci alguns Starbucks da capital e não pela sua comida, que, sinceramente, não faz o meu tipo. Mas todos tinham ótima conexão gratuita para quem consumia. No meu caso, sempre, chá gelado. A conexão do hotel era cobrada (assim como o café da manhã, que não cheguei a conhecer).

Resolvi jantar no hotel, por causa do cansaço. Pedi uma sopa de tortilla. Sem chances. Duas colheradas e sem mais. Deliciosa, mas impossível... Dormi, sem fome por causa das tostadas.

Terceiro dia na capital, e resolvi encarar um botequinho no centro histórico. Pedi o que não sabia o que era, e a atendente me disse que era o que se comia para curar de uma ressaca:
Chilaquiles de frango, com creme branco e salsa verde, tudo muito picante, mas com pimentas diferentes. E mais um prato que não consigo terminar. Tomei uma infusão sabe-se lá de que e saí dali pegando o lado errado do mapa e me perdendo em um lugar parecido com a 25 de março...

Depois de muito andar com cara de quem sabia onde estava indo, e de passar horas no Templo Mayor, resolvi apostar no restaurante mais chique da redondeza - e comi o prato menos interessante e mais caro da viagem. Salmão ao gergelim. Pelo menos era outra terraça, de frente para a catedral. Valeu por isso.

Para compensar, comida de rua. E depois, tacos de camarão em um restaurante perto do hotel. Bonzinhos, mas bem pra turista, quase sem pimentas.
A sobremesa foi um sorvete artesanal de uma fruta desconhecida. Muito leite, mas muito bom. A tequila está ali só de enfeite. O que eu menos queria era amortecer o paladar. Os garçons, como sempre, foram muito atenciosos, me contaram muito do México, perguntaram muito do Brasil. Gente simpática, bom atendimento, comida fabulosa.

Na quinta de manhã, fui a Monterrey. Não tenho foto dos almoços porque eram sempre na Universidade, com os demais professores, e daí fiquei constrangida. Todos foram no refeitório, com uma comida pesada na pimenta e muito tarde. Valeu pelas conversas.

Na primeira noite, provei a arrachera do hotel... simplesmente deliciosa. 
Sempre "doritos" e a salsa de abacate... Essa aí foi de fato memorável. 

A última refeição da viagem foi no centro histórico de Monterrey, em um restaurante anexo ao Museu e ao lado do Paseo, onde finalmente provei o famoso carneiro. Simplesmente delicioso.
Depois que eu havia pedido, enquanto o degustava, fiquei sabendo sua carne é tão macia porque o matam antes de completar 40 dias, sempre alimentado só por leite. Deu um pouco de remorso, é verdade, mas é absurdamente saboroso...

Bem, este foi o último post do México. Recomendo fortemente uma viagem pra lá. Pretendo voltar muitas vezes, para experimentar mais pratos. E, claro, melhorar o espanhol, trabalhar um pouco e visitar os museus que não pude conhecer.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Diário de viagem III - as universidades

Demorei para escrever mais pois as obrigações acadêmicas não se impressionam com as nossas emoções diante de templos grandiosos e igrejas imponentes... Hoje lancei as notas e entreguei as últimas provas. Mas ainda tem mais - uma das poucas coisas ruins de ser professora é que, não importa o quanto a gente estude, sempre pega alguma final. Mas, voltemos ao México.
As duas universidades que visitei são impressionantes. A Universidad Nacional Autónoma do México é enorme. São várias linhas de ônibus dentro do campus e ainda tem o estádio do Pumas, com 60 mil lugares. Ah, e claro, a Faculdade de Direito é bem impressionante, assim como o Instituto de Investigaciones Juridicas. Gabinetes de professores que, de fato, ficam ali... A biblioteca é bacana, mas daquelas que a gente não pode caminhar entre os livros, mas pede pelo catálogo. Eu particularmente não gosto - me parece que sempre acabamos deixando de ver o livro que fica do ladinho.
A Universidad Autónoma de Nuevo León, que fica em Monterrey, é igualmente imensa. Também tem um estádio de futebol - o do Tigres, com 50 mil lugares - dentro do campus. A Faculdade de Direito (e Criminologia) é bacana, a sala dos professores é legal, os auditórios são interessantes, muita gente estudando direito eleitoral... Uma livraria grande no campus, uma boa estrutura. Muita gente andando, com uma sensação de mais segurança do que na UNAM.
Enfim, lugares interessantes. Acho que valia a pena dar uma olhada na estrutura das universidades públicas mexicanas. Pelo tanto de alunos e pela quantidade de eventos, são, de fato, impressionantes.