sexta-feira, 4 de junho de 2010

Uma República nada republicana

Lula faz campanha para Dilma. Serra utiliza o horário dos Demos para fazer divulgação da sua candidatura. Dilma não perde uma inauguração. Padre Marcelo pede aos fiéis que rezem por Serra na missa de Corpus Christi. Marina Silva tenta, mas não emplaca...
O Tribunal Superior Eleitoral dá uma multa aqui e outra ali, ameaça, diz que vai ser duro, mas de nada adianta. Os novos valores das multas por propaganda antecipada fazem valer o risco. Cinco mil reais para o efeito que a propaganda causa fica muito barato.
Enquanto isso, ignoramos os demais. Que ainda não são candidatos - pois há candidatura apenas depois do registro, lá por 5 de julho - mas que devem disputar o cargo. Não sei com que ânimo. Talvez para utilizar seus segundos no horário eleitoral gratuito para fazer o povo refletir sobre algum assunto relevante (momento Poliana nada moça)...
O pior é que está começando a circular um discurso que defende a campanha desde o início do ano eleitoral, pois "o brasileiro não é ingênuo", "já sabe que todos estão em campanha". Na contra-mão da proposta de Celso Antônio Bandeira de Mello, querem estender o período de propaganda e de divulgação das candidaturas. Haja dinheiro e haja controle. Possivelmente se acentue o caráter plutocrático da disputa.
E muita gente, que não será beneficiada com isso, entra nesse jogo e já começa a colocar um adesivo aqui, monta uma comunidade ali. Sem se dar conta que está contribuindo para um jogo de cartas marcadas, que vai fazer da eleição um plebiscito, excluindo a alteridade.
Uma eleição cada vez menos democrática em uma República cada vez menos republicana.

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