domingo, 15 de maio de 2011

O Acre existe. E é surpreendente.

Passei uns dias em Rio Branco, no Acre, para dar um curso sobre Princípios Constitucionais Eleitorais, o tema da minha tese de doutorado, na Escola Judiciária Eleitoral. Aceitei o convite, apesar da distância, por dois motivos principais: discutir minhas intuições com gente que pensa e aplica o direito eleitoral e conhecer um pedaço do norte do Brasil.
E a experiência superou minhas expectativas nos dois sentidos. A discussão sobre os princípios, a legislação e as decisões em matéria eleitoral foi muito além do esperado. Com a plateia formada por servidores, promotores, juízes, membros do TRE e advogados, aprendi muita coisa, ouvi muitos "causos" e debati algumas decisões surpreendentes. Valeu cada minuto entre voos e conexões.
Com muito tempo de viagem e dois dias inteiros de curso, não sobrou muito tempo para conhecer a cidade - e ainda menos o Estado. Não fui a Xapuri (desculpe aí, Tarso) nem à Universidade Federal do Acre (e por isso não dei o seu recado, Bruno), tampouco vi a famosa Constituição do Acre em seu período de independência. E o Memorial dos Autonomistas estava fechado.
Mas andei pela cidade de Rio Branco e me admirei, para além da hospitalidade de todas as pessoas com quem tratei e com a absoluta falta de pichações, com o espaço público e a qualidade dos serviços prestados à população. Um dos lugares mais interessantes é a OCA, onde estão reunidos mais de 500 serviços públicos. A ideia não e nova, mas a qualidade do espaço é verdadeiramente estonteante. Além de um mobiliário novo e atraente, há um café, um espaço para crianças, acesso à internet e elementos de arte contemporânea que trazem ao lugar um ar que não lembra em nada a frieza das repartições públicas.
Confesso que saí de lá impressionada, mas achando que era apenas um exemplo isolado (embora tenham me dito que o serviço está sendo implantado no Estado todo). Pois a Biblioteca Municipal também é diferente do que estou acostumada a ver.
Um espaço enorme para as crianças, computadores e móveis novos, um bom acervo de histórias em quadrinhos, de revistas e de obras do Senado Federal. O restante do acervo ainda é modesto, mas crescente. Tudo é muito limpo e organizado, além de extremamente confortável e atrativo. E tem conexão wi-fi em todos os lugares, inclusive nas praças. A acessibilidade à internet faz parte do programa Floresta Digital, que pretende cobrir todo o Estado.
E, falando em Floresta, passei pela Arena da Floresta, mas não pude entrar. Na quinta à noite estava muito cansada para ver a derrota em casa do Rio Branco para o Plácido de Castro, e acabei indo lá apenas no sábado pela manhã.
E, claro, fui conhecer o Horto Municipal e o Parque Chico Mendes. A natureza de lá é exuberante, com muitas árvores e animais (e, claro, insetos) e que deixam o calor acreano muito mais agradável. Vale as caminhadas nas trilhas, ver as lendas da floresta, ler um pouco sobre Chico Mendes (que também está no Palácio Rio Branco), sentir o cheiro do ar e das plantas, subir no mirante e ver as copas das árvores, os macacos, as frutas... um Brasil que eu nem imaginava, pois 45% do Estado é área de preservação ambiental.
Depois escrevo mais sobre as questões jurídicas lá discutidas. Mas gostei tanto da experiência que resolvi compartilhar aqui. Para dizer que o Acre existe e vale a pena conhecer. Ainda mais agora que mudaram o nome do aeroporto de Rio Branco!

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