sábado, 30 de maio de 2009

Experiências acadêmicas III

Ontem, sexta-feira, participei da banca de avaliação de um trabalho de conclusão de curso de uma acadêmica que foi minha aluna no primeiro ano. Estávamos em uma universidade privada, cujo "público" é francamente elitista. Ela estava entre eles por força do Programa Universidade para Todos, o Prouni. Seus pais estavam assistindo a banca e sua mãe me falou sobre o orgulho que estava sentindo, e da oportunidade que sua filha teve, apesar de suas condições econômicas.
Ela, de fato, estudou em uma grande universidade, com muitos recursos tecnológicos, com um campus maravilhoso e com uma biblioteca consistente. Não conseguiu vencer o estreito funil das universidades estatais. E não poderia, de maneira alguma, ter freqüentado um curso superior se não fosse pelo Prouni.
Seu trabalho foi sobre as ações afirmativas e sua adequação à Constituição em face do princípio da igualdade e na inclusão social como tarefa do Estado. Gramsciana, discutiu as ações como estratégias de manutenção do status quo e como instrumento transformador. Não coptada, afirmou que as ações afirmativas têm potencial para modificar a realidade e possibilitam uma guerra de posições. E se apresentou como exemplo disso.
Fiquei emocionada. Acompanhei o desenvolvimento do seu raciocínio jurídico e a sofisticação da sua postura crítica desde o início da faculdade. E presenciar seu amadurecimento e sua conquista foi algo que me evidenciou que ser professor, quase sempre, é a melhor coisa do mundo.
Além disso, ganhei um forte argumento contra os meus amigos que questionam o papel do Estado e do Direito na transformação social. O Direito e o Estado transformaram a realidade dessa menina. E muito provavelmente através dela e de outros modificarão a realidade de muitos.

2 comentários:

Tarso disse...

É isso aí... Apoiada!

Maria L� disse...

A Alegria da gente por essa vitória alcançada passa mais por sentimentos de gratidão do que de orgulho...
É muito bom ver que Filhos avançam e, sem dúvida, é maravilhoso perceber aquela conhecida fala: "Se Hoje enxergo mais longe é porque estou nos ombros de um gigante"...
Quando se reúnem muitos gigantes a oferecer os ombros para a caminhada, o que dizer do felizardo caminhante?...
Especialmente que se quer oferecer a vitória, ainda parafraseando outros, "ao Mestre, com carinho!"
No caso, especificamente, à mestra, com carinho!