sábado, 25 de junho de 2011

A gramática de Beto Richa

Em reveladora entrevista trazida no Blog do Tarso, Beto Richa afirma que colocar sua esposa e seu irmão como secretários não é fazer nepotismo. O governador literalmente diz (se duvida, veja o vídeo, está lá no Blog do Tarso): “nepotismo para mim é você arrumar um emprego público para um parente seu ter remuneração, para poder viver, e não é o caso da minha mulher que todos sabem que ela tem posses, tem um bom patrimônio, ela cuida da área social porque gosta”. Sim, para o governador, nepotismo é quando você dá emprego a um parente que precisa. Se não precisa, se trabalha porque gosta, se reúne as virtudes que levam à e mantém a propriedade, é coisa de fidalgos. Quase um elogio à nobreza. Vale insistir nesta discussão, embora os dois estejam como secretários (o que acabou sendo excluído do alcance da Súmula), pois serão 212 cargos em comissão controlados pela esposa do governador (confira o UOL Notícias). Que não poderá nomear parentes... exceto se tiverem posses?
Os demais princípios da Administração Pública também parecem contar com um significado especial para Beto Richa, pois o governador criou 295 cargos em comissão na última semana. 295 cargos de livre nomeação e exoneração, sem necessidade de concurso público, sem impessoalidade na nomeação, sem isonomia no acesso, em franca contradição com o modelo burocrático de gestão, em forte ofensa à Constituição Federal. Faz um controle da oposição de maneira enfática, tem seu assessor mais próximo como candidato ao Tribunal de Contas do Estado e tampouco aprecia a publicidade.
Aliás, o governador já mostrou um tanto da sua gramática específica ao ler de maneira um tanto quanto particular a liberdade de expressão na campanha eleitoral, proibindo pesquisas na reta final da disputa. Pesquisas que seguiam a mesma metodologia de pesquisas anteriores mas que, de repente, tornaram-se ilegais. E foram, portanto, proibidas em face de pedido do então candidato. Quem fala mal do governador também corre o risco de ser censurado. Ou sai do jornal, ou tem o blog tirado do ar. Saudades do tempo de Cassio Taniguchi que fez publicidade institucional mandando a oposição fechar o bico? 
Serão mais três anos e meio de governo. Até lá certamente conseguiremos montar um glossário com os peculiares entendimentos do "Novo Paraná" de velhas práticas.

Um comentário:

Tarso disse...

Obrigado por citar o Blog do Tarso! Parabéns pelo texto!